terça-feira, 23 de junho de 2009
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Classificada como Imóvel de Interesse Público, a Capela de Santa Marta ou Capela de Nossa Senhora da Conceição situa-se na freguesia de Melo, no concelho de Gouveia. A possível data de edificação, que se pode depreender pelo estilo formal de gosto maneirista, oscila entre meados do século XVI e início do século XVII. Em geral trata-se de uma capela de dimensões modestas, de planta rectangular simples com uma nave única, mas com um cuidado trabalho de fachada. A fachada principal, de tipologia clássica, é formada pelo um frontão triangular com um óculo central, e pelo conjunto do portal de arco de volta-perfeita (semi-circunferência) com uma arquivolta. A ladear o portal estão duas pilastras vazadas com bases robustas de carácter ornamental (sem função de suporte) sob um friso preenchido com relevos escultóricos de temática grotesca (tipologia decorativa importada de Itália). Sobre este friso, e a rematar o conjunto do portal, está um frontão curvo interrompido, com um nicho central onde se encontra uma escultura de São Paulo. A fachada lateral apresenta um portal de tipologia idêntica ao da fachada principal.
À saída de Gouveia, em pleno cenário campestre e rodeado de pequenos bosques, o Convento de S. Francisco (ou do Espírito Santo) é um imóvel privado que desperta a atenção do visitante pelo seu carácter místico.Pensa-se que a sua fundação remonte ao século XII, embora a actual estrutura date do século XVIII. Sabe-se que em 1752 foram ali levadas a cabo importantes obras de restauro. Hoje, pode admirar-se a torre sineira, a frontaria da igreja com nicho e a imagem de S. Francisco, bem como a grandiosa ala poente.
Classificado como Imóvel de Interesse Público, foi construído possivelmente em 1183, no reinado de Dom Sancho I, numa encosta da Serra dos Galhardos, a 930 metros de altitude e dominando o vale do Mondego, o antigo Castelo de Folgosinho deverá ter sido erigido sobre os vestígios de um anterior castro lusitano. O que actualmente se pode ver é um castelo revivalista, de planta circular, torre quadrada e guaritas cilíndricas, construído em 1938/39 sem recurso a documentação histórica. Entretanto, vale a pena apreciar o magnífico panorama que se desfruta do local.
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Partindo do Largo da Fonte em direcção à Serra, logo chegamos ao Largo dos “lavadores públicos”. Aqui encontramos um painel referente ao percurso, que será de consulta obrigatória. É junto aos tanques que começa a denominada “Rota dos Galhardos”, nome de pequenos demónios que, segundo a lenda, fizeram a calçada numa noite, a qual devido à sua inclinação, só poderia ser obra sua. Na realidade trata-se de uma calçada construída durante a ocupação romana.
(... Estes trechos de calçada fazem possivelmente parte da Via Romana que atravessava a Serra da Estrela. Vinda de Valhelhas e de Famalicão, a estrada cortaria direita da Quinta da Taberna a Folgosinho. O percurso da Calçada dos Galhardos deixa supor uma ligação em Gouveia, talvez contornando pelo sul a serra de S. Tiago ou descendo em linha recta de Folgosinho até aquela cidade.) – A Arqueologia da Serra da Estrela – Jorge de Alarcão.
Partindo-se do “lavadouro” segue-se pela rua da Serra. Mais à frente vamos encontrar à esquerda um caminho asfaltado com a indicação de Viveiros de Folgosinho, que apesar de merecerem uma visita, ficam fora da nossa rota.Continuando a rua da Serra e já fora do aglomerado urbano, vamos encontrar uma cortada à esquerda. A sinalização indica-nos o sentido do percurso.
Após passarmos o campo de futebol e alguns metros depois, entramos verdadeiramente na Calçada dos Galhardos, encontrando a primeira das quatro casas de abrigo mandadas construir por João de Vasconcelos nos anos quarenta e que serviam de refúgio às intempéries a quem para, ou da serra, vinha com rebanhos e espigas de centeio, carregadas em carros puxados por bois.
Apesar de a subida ser íngreme, o trilho faz-se com alguma facilidade parando de quando em vez para contemplar os horizontes. A paisagem é soberba, quer se olhe a poente ou no sentido da serra.
Quase junto à segunda casa de abrigo, a calçada termina abruptamente e à direita surge-nos um pequeno bosque de bétulas, que nos irá acompanhar durante alguns metros até à Portela de Folgosinho.
Aqui, cruzam-se três vias: à direita para Folgosinho, em frente para os Casais e Assedasse e à esquerda para Videmonte. É neste último sentido que segue o percurso.
Esta estrada atravessa o planalto de Videmonte, que constitui uma linha natural de separação entre a serra virada ao Atlântico, beneficiando da humidade trazida pelos ventos e que determinam o tipo de vegetação existente nessas encostas e o outro lado, mais seco, onde eventualmente poderemos encontrar algumas espécies que nos dão a indicação de zonas micro - climáticas do tipo mediterrâneo.
Continuando por essa estrada, onde de resto se cruzam também duas Grandes Rotas, uma marcada pelo Parque Natural da Serra da Estrela e a outra integrada na rede de percursos das Aldeias Históricas da INATEL designada por GR 22, que seguiremos no caminho certo deste percurso de Pequena Rota.
Alguns afloramentos rochosos vão competindo com a vegetação. Um pouco afastado do caminho, mas devidamente assinalado, encontra-se um pequeno penhasco que o tempo moldou, dando-lhe a aparência da cabeça de um Faraó.
Contudo outros afloramentos igualmente esculpidos pela natureza, podem ser vistos ao longo do trilho: A Velha, a Pedra Furada e muitos outros, que não tendo uma designação em especial, poderão igualmente sugerir-nos outras formas e figuras.
Mais à frente, um pequeno bosque misto, onde predominam Bétulas e Pseudotsugas, presenteia-nos com tantas cores quanto as estações do ano, sendo agradável no pico do sol, uma pequena paragem para um merecido repouso aproveitando as suas sombras.
Um pouco antes do sítio do “Jogo da Bola”, deixamos a estrada e apanhamos o trilho à direita que nos dará conta de uma outra calçada, também ela romana: “ Calçada dos Cantarinhos” também designada por “Pé da Serra”.
O percurso entra aqui na sua fase descendente e será quase sempre assim até Folgosinho.
A descida proporciona-nos uma paisagem soberba, valendo sempre a pena pequenas paragens, para melhor a apreciar.
Já no fundo da encosta, cruzamos a Ribeira do Freixo e aí a calçada termina, fazendo-se o resto do percurso, por um caminho de terra batido até ao lugar designado por Moinhos do Forno.
Daqui à Vila será um “saltinho”. Por entre a sombra de castanheiros e carvalhos, podemos olhar ainda os campos sempre verdes e de quando em quando o trabalho árduo de homens e mulheres, que souberam com mestria buscar nas encostas um punhado de solo fértil para o pão de cada dia.
Por fim, é a chegada à Vila e depois de se reporem energias numa qualquer simpática tasquinha, para “esmoer”, vale sempre a pena uma última visita pelo povoado, que alguns acreditam ter sido o berço de Viriato.
O pelourinho data do século XVI e foi erguido como símbolo da dignidade de sede de concelho que Melo possuiu até 1834. O pelourinho é de pedra e ergue-se sobre cinco degraus de secção quadrangular apresentando um corpo principal facetado com remate em diferentes níveis volumétricos e um escudo português com as cinco quinas (cinco escudetes com cinco besantes cada). Tem uma pequena cruz de ferro no topo.
O Convento da Madre de Deus de Vinhó foi fundado em 1567 por Francisco de Sousa e sua mulher, D. Antónia de Teive, no espaço da quinta que o fidalgo possuía naquela localidade. O cenóbio foi entregue a uma comunidade de freiras clarissas, e as obras de edificação seriam concluídas em 1573.
Do conjunto conventual subsiste a igreja, actualmente sede da paróquia de Vinhó. O templo, disposto longitudinalmente, é composto pelos volumes da nave e da capela-mor, aos quais se adoçam a torre sineira, do lado do Evangelho, junto à fachada principal, e uma capela lateral e a sacristia, do lado oposto.
Tal como acontecia em todos os templos conventuais femininos, a entrada principal da Igreja da Madre de Deus fazia-se lateralmente, podendo actualmente ver-se o portal maneirista inserido em alfiz, sobre o qual foi colocada a pedra de armas dos fundadores.
Depois da extinção das ordens religiosas, o templo conventual foi adaptado às funções de sede paroquial, pelo que a fachada principal foi edificada no pano murário oposto à cabeceira. Apresenta portal simples, rasgado em arco abatido, com friso decorado e encimado por janela. Do lado esquerdo foi edificada a torre sineira com escada posterior.
O interior, de nave única, é coberto por tecto de madeira dividido em caixotões, sendo parte deles pintados com figuras do hagiográfico. Esta cobertura foi executada no ano de 1698 a mando da abadessa Jerónima de São José. Com coro-alto em madeira, o templo possui cinco capelas laterais: do lado do Evangelho foram edificadas as capelas de Nossa Senhora de Lourdes e do Senhor dos Passos, ao lado da qual foi colocado o púlpito. Na parede oposta dispõem-se as capelas de Cristo Crucificado, com retábulo de talha dourada integrando uma Anunciação, a do Menino Jesus, fundada pela Tia Baptista, freira com fama de santidade que viveu no convento na segunda metade do século XVIII e que se encontra sepultada neste espaço, e ainda a de Santo António. O arco triunfal, em talha dourada, possui o intradorso pintado com motivos de brutesco , tendo inscrita a data 1739. É ladeado por dois altares colaterais dispostos em ângulo, com retábulos de talha dourada, o da esquerda dedicado a Nossa Senhora do Rosário, o da direita a Nossa Senhora de Fátima.
A capela-mor é coberta com abóbada de berço de caixotões, também pintados com temas hagiográficos. Ao centro foi edificado sobre degraus de cantaria o retábulo-mor, de talha dourada e em forma de urna, de estilo nacional. Do lado do Evangelho foi colocado o túmulo dos fundadores, com a inscrição "ESTA SEPULTURA HE. DE. FRANCISCO DE SOUSA / HE DE. SUA MULHER. DONA ANTO / NIA. DE. TEIVE. FUNDADORES DE / STA SANTA CASA. ELE FALECEU. A. 7 DE / MAIO. DE 1578 HELA 17. DE ABRIL DE 1597".
Com a morte da última freira em 1869 e a extinção definitiva do cenóbio, o Convento da Madre de Deus foi destinado a diversos fins. O templo tornou-se, como foi acima referido, sede da paróquia de Vinhó, parte das dependências conventuais foram cedidas para a instalação de uma escola primária e o espaço da cerca do convento foi vendido a particulares.
Composta de câmara sepulcral de planta poligonal, com cerca de três metros e meio de diâmetro, formada por sete esteios inclinados para o interior, com o respectivo corredor (curto) de acesso, a anta (erguida no cimo de uma pequena elevação) ainda mantém a laje de cobertura - ou "chapéu", não se detectando, contudo, vestígios da mamoa - ou tumulus - que cobriria originalmente todo o monumento. br>Indicando a antiguidade do povoamento humano nesta região, o dólmen inserir-se-á no terceiro grupo esquematizado por S. O. Jorge para o megalitismo da Beira Alta, a partir da sua análise morfológica: "[...] dólmens de câmara subtrapezoidal ou poligonal, de corredor mais ou menos indiferenciado." (JORGE, S. O., 1990., p. 135), certamente como reflexo de um processo capital de evolução estrutural da sociedade (Ibid.) que o projectou e fruiu.
Um dos tantos milhões de exemplos do que a mãe NATUREZA faz. Há quantos anos estará assim aquela rocha, com tantas tempestades de vento... chuva... granizo... trovoadas e até tremores da Terra... e, até hoje, não saiu do mesmo local!Mistérios insondáveis!
Mondeguinho
O Mondeguinho situa-se na Serra da Estrela, no concelho de Gouveia, no sítio de Corgo das Mós, a uma altitude de cerca de 1425 metros. É aqui que nasce o rio Mondego, o maior rio português com um comprimento total de 234 quilómetros.
No seu percurso inicial, atravessa a Serra da Estrela, de sudoeste para nordeste, nos concelhos de Gouveia e Guarda. A poucos quilómetros desta cidade, junto à povoação de Vila Cortês do Mondego, atinge uma altitude inferior a 450 metros. Nesse ponto, inflecte o seu curso, primeiro para noroeste e depois, já no concelho de Celorico da Beira, para sudoeste. Aqui se inicia o seu curso médio, ao longo do planalto beirão, cortando rochas graníticas e formações metamórficas. Depois de atravessar o concelho de Fornos de Algodres, o rio Mondego serve de fronteira entre os distritos de Viseu, a norte, e da Guarda e de Coimbra, a sul. Assim, delimita, na margem norte, os concelhos de Mangualde, Seia, Nelas, Carregal do Sal, Santa Comba Dão e Mortágua, enquanto que na margem sul serve de limite aos concelhos de Oliveira do Hospital, Tábua, Penacova e Vila Nova de Poiares. Entre Penacova e Coimbra, o rio percorre um apertado vale, num trajecto caracterizado por numerosos meandros encaixados. Depois de se libertar das formações xistosas e quartzíticas, e já nas imediações da cidade Coimbra, o rio inaugura o seu curso inferior, constituído pelos últimos quarenta quilómetros do seu trajecto e cumprindo um desnível de apenas 40 metros de altitude. Nesta última etapa, percorre uma vasta planície aluvial, cortando os concelhos de Coimbra, Montemor-o-Velho e Figueira da Foz, onde desagua, no Oceano Atlântico. Junto à sua foz forma-se um estuário com cerca de 25 km de comprimento e 3,5 km2 de área. Nos últimos 7,5 km do seu troço desdobra-se em dois braços (norte e sul), que voltam a unir-se junto à foz, formando entre si a pequena ilha da Murraceira.
O Vale do Rossim situa-se a uma altitude média de 1467 m. Antes da construção da barragem constituía uma das melhores pastagens de altitude do concelho de Gouveia, a qual foi frequentada desde sempre pelos rebanhos da transumância que se juntavam desde o S. João até às Festas do Senhor do Calvário em Agosto. Inserido na reserva biogenética do planalto interior, o Vale de Rossim é um local único de grande valor científico e sensibilidade ambiental e paisagística que importa proteger e preservar.
O solar pertenceu primeiro ao Conde de Gouveia, depois Marquês, título concedido por Filipe III de Portugal. O último dos marqueses de Gouveia, o Duque de Aveiro- Dom José de Mascarenhas, foi julgado e executado com os seus familiares, pelo Marquês de Pombal em 1759, em sequência do chamado processo dos Távoras. Após aquela data foi sendo sucessivamente ocupado por famílias particulares e no início do Século XX foi a primeira sede do Futebol Club Os Gouvenses, grémio já extinto. Em 1928 o edifício foi classificado como Monumento Nacional e sofreu grande remodelação. Foi novamente restaurado no início do século XXI. Actualmente é uma delegação do Parque Natural da Serra da Estrela.
Descrição do Edifício
Apresenta planta rectangular irregular com três pisos, em cantaria granítica com muitas pedras sigladas pelo mesmo canteiro. Na fachada principal voltada a Oeste destaca-se uma janela manuelina polilobada, com a inscrição em caracteres góticos “Avé Maria Gratia”, que se sobrepõe a um lintel com um coelho e um canídeo separados por folhas, debaixo está um balcão segurado por três carrancas antropomórficas.
Na fachada Norte, no primeiro piso, temos duas portas; uma em aduelas regulares com arestas chanfradas e arco em volta perfeita e outra gótica. Na parte superior encontram-se duas formosas janelas manuelinas; uma tem caracteres góticos, IHS e XPS, que significa Jesus Cristo e flores-de-lis. A outra é do mesmo tipo, mas mais bonita, com um lintel decorado com, 6 quadrofóilios, 2 flores-de-lis uma tartaruga e um peixe- a primeira é um dos símbolos de cosmo e o segundo com significado cristão. Este flanco estava adossado a um edifício, também ele antigo. A fachada apenas ficou exposta a partir de 1952, data em que se efectuou a sua requalificação. O interior de três pisos tem algumas mísulas com motivos vegetalistas e uma com esfera armilar.
A notável Janela Manuelina
A designação corresponde a um estilo artístico, que foi desenvolvida entre 1480, no reinado de Dom João II até ao desencadeamento da expressão renascentista no tempo de Dom João III, cerca de 1540. A denominação é um neologismo inventado no século XIX para designar as edificações no reinado de Dom Manuel I, que revelassem uma unidade de estilo. Tem grande acervo simbólico e heráldico- a omnipresente esfera armilar, o tema da corda, a condensação ornamental nos vãos (portas e janelas) e o hipernaturalismo do desenho. No Manuelino está presente a ideia da realização, através do império português (Dom Manuel como novo César, novo Salomão ou novo David), de um mundo evangelizado, católico, perfeito e paradisíaco (mais tarde a ideia seria adoptada, e já Portugal estava em declínio, no mito do Quinto Império)-ou seja na (re)fundação de uma nova Ordem.
A Pinha e a corda
Na janela manuelina da casa da Torre na base do encordoamento, encontramos uma pinha ou “maçaroca”. O pinheiro é desde a pré-história, em quase todas as religiões um símbolo da imortalidade devido a perseverança da folha e pela incorruptibilidade da resina. A pinha está muitas vezes na mão de Dioniso, como se fosse um ceptro exprimindo a consistência da vida vegetativa (eternidade) e a elevação de Deus sobre a natureza. Na arte manuelina a pinha surge assim como um símbolo da força vital, persistentemente e eterna, ligada a Deus, fundamental para almejar o paraíso terreal eterno que o Rei Venturoso desejou. As pinhas também simbolizam o amor perpétuo ao Deus Cristão, materializado humanamente em Cristo.
A corda está ligada, de uma maneira geral, ao simbolismo da ascensão e de união; neste caso a Humanidade deve ascender à Graça Divina onde alcança a perpetuidade; este é talvez o desejo mais poderoso que emana da nossa mente- colectiva e individual, desde o Paleolítico -, e é fonte criadora de arte, e uma das cinco causas da religiosidade (para além da eternidade, temos a explicação do mundo, o sentimento de superioridade intelectual na biosfera, a necessidade de ética e alívio/eliminação de sofrimento). A ascensão ao Paraíso deve ser efectuada com espírito- aqui simbolizado pelos frutos da coluna do meio.
A Janela representa, desta maneira, que o Homem, através do espírito e na sua ligação a Cristo, pode almejar a uma vida além-túmulo edénica.
O pelourinho e a fonte
Nas imediações da Casa da Torre está o pelourinho manuelino reconstituído em 1951 depois de achadas algumas peças dispersas em vários locais. Repara-se perto da base um conjunto de cinco anéis sobrepostos, o primeiro decorado com em meia esferas e o último com elegante entrançado; o capitel está muito gasto decorado com motivos vegetalistas e antropomórficos.
Por detrás, com um toque romântico, encontra-se a fonte do Assento, em estilo barroco com concheado, volutas e quatro painéis de azulejos de valor artístico mediano da fábrica Viúva de Lamego assinados pelo autor. Num pequeno quadro está a Cabeça do Preto nas Penhas Douradas ao lado dele um cena de Santo António com o ingénuo milagre da bilha.
Santo António e o milagre da Bilha
Reza a lenda que uma jovem ia a caminho de uma fonte com a bilha para buscar água, porém partiu-a junto da fonte; tamanha a tristeza da jovem pelo que aconteceu que se pôs a chorar. Nesse momento aparece-lhe Santo António que, ao vê-la tão abalada, perguntou qual o motivo de tanta aflição. Ela explicou-lhe o sucedido e o santo, por milagre, consertou a bilha. Não é milagre de grande monta, mas é comovente; e por vezes é preciso tão pouco para fazermos alguém sentir-se bem!
Outro quadro representa uma cena de pastorícia, a que não faltam ovelhas, o pastor e o cão Serra da Estrela, a percorrerem um caminho em terra batida, junto à Cabeça do Velho, e que corresponde a actual estrada nacional 232. A poucas dezenas de metros na Rua Direita deparamo-nos com outra maravilha de Gouveia- o Museu de Arte Moderna Abel Manta.
Nota: Caros viajantes eis aqui a minha interpretação, do que é um bom exemplo da arte simbólica Manuelina. Qual é a sua interpretação?
5 Locais notáveis próximos da Casa da Torre
Museu de Arte Moderna Abel Manta (Gouveia)
Estrada Nacional 232 entre Gouveia e Penhas Douradas- no Parque Natural da Serra da Estrela (a poucas centenas de metros)
Penhas Douradas no Parque Natural da Serra da Estrela)
Conjunto patrimonial e literário da aldeia de Melo
Aldeia Histórica de Linhares da Beira
Post dedicado ao colega e amigo Mário César Figueiredo e restante família que se podem delongar como poucos com a “Casa da Torre”.
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Inaugurado em 1985, o Museu Municipal Abel Manta encontra-se instalado num edifício setecentista, o antigo solar dos Condes de Caria, Vinhó e Almedina, cuja frontaria principal está virada para a Rua Direita.
O Brasão a encimar o frontão da porta principal e esculpido no granito é esquartejado, representando o entroncamento de ilustre famílias. Neste edifício também podemos vislumbrar algumas características do estilo Barroco, nomeadamente nas portas e janelas.
O edifício foi adquirido e remodelado pelo Município com o objectivo de servir de museu e biblioteca. A sua inauguração data de 15 de Agosto de 1983, expondo ao público grande parte do material que se encontrava exposto nos Paços do Concelho.
Entretanto, só a 17 de Fevereiro de 1985 é que este espaço foi inaugurado como estatuto único de museu tendo como patrono o pintor Abel Manta.
O museu poderá considerar-se único do género no interior do país, apresentando 108 obras de 72 pintores contemporâneos representativas da Arte Moderna Portuguesa, doadas pelo Sr. Arq. João Abel Manta (também dedicado à arte da pintura) em homenagem a seu pai.
A construção da ermida remonta aos meados do século XVII, como comprova a data de 1641 gravada na frontaria e sob o alpendre, logo após a Restauração de Portugal e subida ao trono do Rei D. João IV, que intensificou o culto à Virgem. A ermida fica também muito perto do local onde, segundo a lenda, apareceu a imagem de Nossa Senhora do Porto. A lenda dá conta do seu aparecimento junto à ponte no lugar denominado “Acessada”, pedindo aos moleiros que viviam na margem esquerda do local da aparição para cultivar um pequeno jardim em honra de Nossa Senhora. No entanto, Gouveia chegou a reivindicar a imagem como sua por ter existido uma capela em honra da mesma santa à entrada de Gouveia, fazendo prova a ainda existente rua com o mesmo nome da santa, que começa junto à capela de Santa Cruz e acaba junto ao local onde estava edificada a dita capela de Nossa Senhora do Porto. A imagem ainda chegou a ser levada para a igreja de Gouveia mas, numa noite de grande intempérie, voltou a aparecer na “Acessada”, acabando por lhe construírem então a capela no monte que se lhe avizinha.
Ao entrarmos na capela deparamo-nos com a imagem de Nossa Senhora do Porto com o seu menino ao colo e, no sopé, a data de 1679. O seu altar, em talha dourada, realça os motivos campestres e a circundá-lo podemos contemplar alguns azulejos do século XVIII. No lado esquerdo, podemos admirar um vitral com a imagem da padroeira.